
Causas da tendinite
PATOLOGIA DO TENDÃO
Os tendões são estruturas similares a cordas fibrosas mais ou menos elásticas, que unem os musculos aos ossos. É esta a forma habitual de terminação das estruturas musculares no esqueleto. Ao existir uma contracção muscular provoca-se através desta corda (tendão) o movimento do osso:
TENDINITE
Genéricamente: qualquer sobrecarga mecânica ou microtraumatismo aplicados repetidamente sobre estas estruturas tendinosas, pode provocar como resposta uma queixa das mesmas em forma de inflamação, denominando-se Tendinite, caso afecte o corpo do tendão.
Factores Etiológicos (que favorecem):
Pessoais
- Hipermusculação: Os tendões são umas estruturas sólidas, elásticas e resistentes. Esta resistência é genéricamente igual á força inicial do musculo multiplicado por quatro; no entanto, quando se faz musculação como sucede com o exercício repetido e quotidiano, a força muscular pode aumentar duas ou três vezes, diminuindo desta forma a margem de segurança do tendão, dando como primeira resposta uma inflamação do mesmo, se a situação prevalece, pode-se chegar á rotura;
- Focos infecciosos crónicos, como podem ser uma cárie activa ou uma amigdalite que não foi curada correctamente. A corrente sanguínea ao passar por um foco de infecção colhe e transporta toxinas criadas e deposita-as em zona já inflamadas, chegando-se assim á cronicidade destas tendinites;
- Dietas ricas em proteínas animais, provocam um aumento de ácido úrico e purinas, não conseguindo, em certas ocasiões eliminá-las na sua totalidade pela urina. O excedente pode depositar-se em zonas com sobrecargas, cristalizar-se e causar tendinites.
Tecnológicos
- Material mal adaptado ao desportista;
- Treinos não personalizados ou excessivos podem provocar sobrecargas tendinosas;
- Falhas na técnica desportiva específica, no nosso caso, más posturas durante a corrida.
Clínica: Aparece dor na zona do tendão afectado, em primeiro lugar nos momentos em que se produz carga e posteriormente a dor é sentida inclusivamente durante o repouso. A palpação do tendão produz dor, notando-se que este se encontra mais espesso perdendo-se a nitidez do seu contorno, estes sinais podem-se tornar mais evidente se comparados com o lado que não está lesionado.
Evolução: Se não se realiza um tratamento eficaz, a evolução das tendinites leva á cronicidade e posterior rotura do tendão.
Exames Complementares: Além de um RX para avaliar a zona com dor, deve-se efectuar uma ecografia para estudar o trajecto tendinoso e avaliar a cumulação de líquido, sinal indirecto de lesão tendinosa.
Tratamento:
- Repouso de 20 a 90 dias, em posição de relaxamento do tendão afectado;
- Associação de terapeuticas;
- Anti-inflamatórios não estroídes (AINE’s), via oral ou tópica;
- Massagens, alongamentos, electroterapia;
- Infiltrações com Concentrados Plaquetários (Factores de Crescimento) ao redor do tendão e intratendinosas para acelerar a sua regeneração.
Tendinites mais frequentes:
- OMBRO
»Tendão supraespinhoso
»Tendão Bicipial
- JOELHO
»Tendão rotuliano
- TORNOZELO(tibio-társica)
»Tendão de Aquiles
A cirurgia, não se deve efectuar antes dos 3 meses de tratamento médico e fisio-electroterapeutico.
ROTURAS TENDINOSAS
Trata-se da falta de continuidade do tendão, pode ocorrer devido a:
- Inflamação crónica do tendão afectado (Tendinite), por falta de tratamento ou tratamentos incompletos, que evoluem para uma degeneração progressiva do mesmo.
- Aparecimento expontâneo depois de um traumatismo ou sobrecarga do tendão, sem afectação prévia do mesmo.
Clínica: Aparece dor viva e brutal no lugar da rotura com a sensção inclusivé auditiva de um crurido. No mesmo momento da mobilidade que regula o tendão lesionado fica sem efeito. Na exploração detecta-se um sinal de inchaço, quer dizer, uma depressão no lugar da rotura.
Exames Complementares: A história que é relatada pelo lesionado e o exame clínico, será quase sempre difinitivo para estabelecer o diagnóstico, perante qualquer duvida, a ecografia darnos-á um diagnóstico claro da lesão tendinosa.
Tratamento: Será quase sempre cirurgico, realizando uma sutura tendinosa seguida de uma imobilização de 3 a 4 semanas.
As roturas tendinosas mais frequentes são:
- OMBRO
»Tendão grande bicipedes, sobre-esforço de tracção.
- COTOVELO
»Tendão distal bicipedes, levantar pesos.
- JOELHO
»Tendão quadricipides, queda com flexão do joelho(traumática).
»Tendão rotuliano, é raro na forma traumática, fácil na tendinite crónica (infiltrações repetidas com corticóides).
- PERNA
»Tendão de Aquiles, contracção intempestiva.
(continua com o próximo tema: Entesopatias ou doenças de inserção, Tenosinovites)
Rui Campos e Catarina Beça